Sentir preocupação; dificuldade para se concentrar; insegurança sobre a própria capacidade de resolver os problemas; estas são características da ansiedade. Passar por isto pode ser algo comum, que faz parte do cotidiano de qualquer pessoa vivendo seus altos e baixos, enfrentando momentos mais difíceis de vez em quando. Contudo, o exagero não é bom. Em alguns casos, o excesso pode ser considerado um problema grave que precisa ser tratado.
Quando a ansiedade apresentar sintomas corporais como: insônia, dores de cabeça, dores musculares, fadiga, é preciso atenção. Estes sinais mostram que o problema já atingiu a medida em que pode causar danos à saúde. Se o estado mental de preocupação é sentido praticamente o tempo todo; se os sintomas no corpo são percebidos frequentemente (na maior parte dos dias da semana); e se este quadro persiste há mais de seis meses; provavelmente será diagnosticado como TAG – transtorno de ansiedade generalizada, que é incluído no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Estudos concluíram que um transtorno de ansiedade mantido ao longo prazo pode dar origem a outros problemas como a depressão e até mesmo o Alzheimer [1].
Além da TAG, há outras condições que entram na mesma categoria de transtornos de ansiedade, como o TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e o transtorno do pânico (que tempos atrás era conhecido pelo nome “síndrome do pânico”). Pessoas que sofrem com pânico declaram, geralmente, que se sentem bastante debilitadas. A neurociência mostra que os hormônios noradrenalina e cortisol são encontrados em quantidades maiores quando as pessoas estão ansiosas. O cortisol também é chamado “hormônio do estresse”, então não é de se espantar que seus níveis aumentem quando algo não vai bem: problemas financeiros, problemas de saúde, problemas de relacionamento – amoroso, familiar, ou ambiente de trabalho.
São situações que provocam sentimentos de medo, angústia, desânimo, e isto é acompanhado por muitas dúvidas e expectativas. Pesquisas mostram que o Brasil é o país com a maior porcentagem de ansiosos no mundo (9,3% da população) e também que a ansiedade atinge mais as mulheres do que os homens [2]. Se você estiver passando por isto, não deve ser um motivo de vergonha, ou razão para se sentir inferiorizado. Pelo contrário, é melhor reconhecer que a ansiedade alcançou um nível patológico e você precisa de ajuda.
Há mudanças de hábito que beneficiam qualquer quadro ansioso, sem contraindicações. Procure melhorar a alimentação, ingerindo mais alimentos ricos em magnésio [3] como banana, abacate, amendoim, grão-de-bico, peixes, beterraba, couve e chocolate amargo. Ao mesmo tempo, procure comer menos açúcares, pois para realizar a digestão de cada molécula de açúcar o corpo vai perder muito magnésio, diminuindo a concentração deste mineral que é tão importante pro sistema nervoso. Para o caso de pessoas que usam álcool, cigarro, café e outras drogas, já é comprovado que estas substâncias pioram a ansiedade, então devem ser evitadas. Praticar exercícios físicos é muito saudável, melhorando o sono e a respiração. O esporte traz mais equilíbrio hormonal e bem-estar, mas nem sempre são indicadas atividades que aumentam os batimentos cardíacos no caso de pessoas com transtornos de ansiedade. É mais recomendado praticar musculação [4]. Todos estes comportamentos ajudam a controlar sintomas e aumentam o sucesso dos tratamentos convencionais.
O tratamento terapêutico é indicado para quem sofre com a ansiedade e terá muita eficiência quando abordado da maneira correta. Pode ser através de psicanálise, ou por terapia cognitiva comportamental (TCC), e ainda ser complementado pela via medicamentosa. Logo, um especialista deve ajudar a decidir qual abordagem será melhor para uma determinada pessoa. A ação do profissional de saúde vai auxiliar o paciente a identificar com clareza a raiz psicológica do problema e progredir na mudança de hábitos e crenças na direção certa. Se necessário, há medicamentos que podem complementar o tratamento. São bastante receitados os ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) como sertralina, citalopram, além de outros tipos de remédios antidepressivos ou ansiolíticos. Eles podem entregar a energia que faltava para o paciente iniciar uma mudança para novos hábitos – lembrando que adotar uma nova rotina de comportamentos é o que vai representar a cura, então não basta tomar remédios e se acomodar. Portanto, é essencial o acompanhamento de um especialista em saúde mental.
Esperamos que você tenha tirado algumas dúvidas sobre ansiedade e tenha compreendido o que fazer quando souber que a situação é mais grave. Se quiser aprofundar a pesquisa no assunto, indicamos abaixo algumas referências deste texto:
(1) Estudo relaciona ansiedade ao Alzheimer; descoberta ajuda no diagnóstico
(Correio Braziliense, 18/02/2018)
(2) Brasil tem maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo, diz OMS
(Revista Prosa Verso e Arte)
(3) Magnésio tem papel fundamental no tratamento da depressão, diz estudo
(Guia de Orgânicos)
(4) Fazer musculação também reduz ansiedade e depressão, confirma estudo.
(Viva Bem, 12/07/2018)